quarta-feira, 29 de setembro de 2010
QUESTIONAMENTOS
Se Deus realmente é onipotente, onipresente e onisciente, e se realmente somos, mesmo que de longe, um reflexo de sua inteligência e consciência (ou seja, o amor que manifestamos em todas as suas formas, de fraternas à paternas), então, por que esse Deus age de forma indiferente em relação ao sofrimento dos seus filhos e criação espalhados sobre a face da terra? Isso contraria seu atributo de amor eterno! Um pai, ainda mais uma Pai Onipotente, não deixaria um filho num sofrimento sem nenhum fim pedagógico (como num estupro), pois, nós mortais, que temos sentimentos menos nobres que o da Divindade do cristianismo, temos mais nobreza no amor que o Deus bíblico ao não deixarmos um filho nosso nessa situação.
Mas então, alguém, com jargão religioso replica com uma rala sabedoria que o amor paterno de Deus tem parâmetros distintos ao que entendemos por esse tipo de amor, e que nós não somos capazes de compreender esse amor – amor que permite que um de seus filhos, pequenino e indefeso, seja estuprado por um psicopata? Onde fica o amor e a onipotência? – Se não somos capazes de entender esse Deus (que quer se relacionar conosco) em pontos tão simples, por que, já que ele é o possuidor de toda ciência e conhecimento, não foi inteligente o bastante para se comunicar de forma mais acessível e compreensível, assim como um professor tenta se fazer compreendido por seu aprendiz? Acho que esse deus não existe! Logo, não dá para conciliar a ideia de um Deus amoroso que ao mesmo tempo seja onipotente, onipresente e onisciente, assim como é entendido biblicamente.
Acho inconcebível a ideia de um Deus bíblico e que esse deus é no mínimo incoerente ao pedir para que escrevessem sobre ele, sendo que ele mesmo o poderia ter feito, por amor a sua relação com o homem, para evitar que se construíssem uma imagem falsa a seu respeito. E se esse deus teve que fazer isso para se comunicar, o mesmo fato prova o fato de que ele não é onipotente, pois, não é capaz de falar de si mesmo, por precisar de mediadores (como profetas) e por demonstrar impotência na sua comunicação com o homem, seu filho.
A isso ainda se acrescenta a situação desse deus permitir que seja cultuado e adorado por meio de rituais, o que é inadmissível numa relação de intimidade, pois, formalidades não existem entre pessoas que têm relação de proximidade. Pode o deus bíblico ser uma ideia coerente?
Mesmo considerando fantástica a mensagem do amor no centro do evangelho de Jesus de Nazaré, não vejo coerência na ideia bíblica à respeito de Deus, porém, não sou capaz de conceber um mundo sem um Criador, que apesar de limitado, é extremamente poderoso, inteligente e talentoso, e que tem em si todas as coisas boas e talentos de forma bem melhor da que é encontrada em nós; pois, me pergunto como pode ser possível um mundo tão belo, habitado por todo tipo de vida (das simples às mais complexas e inteligentes) que é capaz de, por si só, evoluir e de criar coisas belas e fantásticas, conhecimento e tecnologia, ter vindo espontaneamente do nada.
Não me importa a veracidade da ciência quanto a origem do Universo, acredito e sou até entusiasta de que podemos descobrir as origens de toda a matéria, mas tudo só pode ser possível, assim como a concepção e construção de uma aeronave (que é muito mais simples que todos os mecanismos do Universo), se for meticulosamente pensado. Podemos até sermos fruto da evolução de matéria não biológica, de uma ameba ou de coisas ainda mais simples, entretanto, não chegamos até aqui através de uma partícula extremamente condensada que explodiu “sem querer”, mas que talvez, desse jeito ou de outro, alguém fez explodir.
Daniel Antônio Babugem Mendanha
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