O momento, esse em que vivo é feito de outros momentos. Está na minha pele e em todos os poros, no fio do meu cabelo, no jeito do meu olhar, no barulho do meu movimento e no silêncio do meu repouso. O sorriso é feito de outros sorrisos, o choro de outros choros, o silêncio de outros silêncios. Tudo em mim já foi um dia do outro.
Somente a palavra é minha, ainda que venha de tantos outros, de tantos caminhos. Escolhi seu nascimento. E foi da boca dos rios, do grito dos bichos, do cheiro do mato, do sol, do vento, da chuva , da tempestade. Por isso, minha palavra pode ser movimento, força, cheiro. Pode ser quente ou fria. Não importa. O que importa é o momento, esse em que vivo e no qual uso de todas as palavras que escolho. Pois como disse o poeta:
“O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade
mas variados são os modos
como uma coisa
está em outra coisa..."
F.Gullar
E, variadas são as palavras, mas o que seria do homem se não houvesse a liberdade para usá-las.
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