segunda-feira, 4 de abril de 2011

Politicamente correto!


Gostei desse texto pacas, e no final do texto você irá entender o que vou dizer agora: Autorizo a todos os humoristas fazer piadinhas e brincadeiras com a cor da minha pela negra.

“Não faça piadas com câncer, isso ofende quem tem câncer”. “Não brinque com deficientes, eles já sofrem demais”. “Evite fazer com que um negro se sinta inferior”. Essas são as palavras do século XXI. Tem também os ecologistas que dizem que nosso mundo vai acabar, mas isso fica para outro texto. Bem, estou falando aqui do politicamente correto.


O que me motivou a escrever sobre isso


Estive por algum tempo observando a conduta dos ditos politicamente corretos e fiquei de longe. Nunca gostei daquela postura quase religiosa “eu sou melhor do que você”, mas nunca pensei em escrever sobre o assunto. Preferi observar de longe.


Porém isso mudou ontem, dia 03 de abril de 2011. Resolvi fazer um chat na Justin.tv cujo título era “Câncer, remédios e outras amenidades”. Foi um chat bem humorado, tratando o câncer com piada, já que sou humorista. Me dei esse direito, pelo fato de eu mesmo estar atualmente enfrentando um câncer, que me fez perder o rim direito e ser operado do fígado, por causa de três metástases. Além disso, o câncer chegou a invadir o coração.


Uma mulher entrou achando que eu era médico e estaria dando informações valiosas sobre o câncer. Quando descobriu que eu sou humorista e que estava tratando tudo com piada, disse que eu era idiota por brincar com isso, por ser desrespeito a quem está doente. Politicamente corretos, vocês sabiam que ver um paciente de câncer fazer piada com isso motiva outros pacientes? Sabiam que pode ser uma informação tão valiosa quanto “passe protetor solar para evitar câncer de pele”? Continuando…


Com o que se pode brincar?


Eis a questão. Ano passado, sofri um acidente de moto que me deixou com limitações consideráveis de movimentos no ombro direito. Ontem mesmo minha cunhada brincou com o meu irmão, dizendo que estacionasse na vaga de deficiente por eu estar no carro. Era apenas uma brincadeira, já que não tenho dificuldade de locomoção. Sorri. Isso não me incomodou nem um pouco. Sou um prato cheio para os politicamente corretos que querem defender os “fracos e oprimidos”. Nordestino, deficiente de um braço e paciente de câncer. Eles devem morrer de peninha de mim. Eu sou um coitado. Daqui a pouco falo sobre isso… estou adiantando as coisas.


Voltando. Parte da cura de um câncer está no seu psicológico, em manter o bom humor e nunca se abater. Quer melhor efeito placebo do que acreditar tanto que aquilo é bobagem, a ponto de fazer piadinhas e achar que tudo é uma brincadeira?


As sensibilidades são diversas… uns acreditam que se deve brincar, outros não. O que eles não entendem, é que deveriam parar de teorizar, ficar levantando conjecturas sobre o que ofende e o que não ofende e perguntar a nós! Teorias não dão conta de dizer o que nós sentimos.


Os politicamente corretos sabem como nos defender…?


Pois é. Existe um grupo superior de seres humanos que sabem muito melhor do que todos (inclusive do que nós fracos e oprimidos) como se deve tratar alguém. Está com câncer, fale com ele em tom sério e motivador. Tem deficiência física, nunca olhe para o local afetado… isso ofende. É negro, nunca mencione a cor da pele dele. Se mencionar, elogie, dizendo que é uma cor bonita. Está em um velório, não sorria.


Talvez eu esteja exagerando um pouco, não sei. O que eu sei é que as pessoas parecem querer nos defender de algo. Elas se enchem de um sentimento de “peninha”, ou “oh, tadinho dele, tão jovem” (tenho 27 anos), e acham que devem montar guarda ao nosso redor. “Ei, você. Gosta de fazer piadinha sobre câncer? Esse cara aqui ta com câncer. Vai, vai, circulando, circulando.” “Você. É homofóbico? Esse cara aqui é gay, eu tenho que defendê-lo. Fica longe, vai pra lá”.


De repente, o deficiente físico, o paciente de câncer, o negro, o homossexual etc. se tornam objetos. Não temos voz, não temos direito de gostar de um humor dito de “mau gosto”, não temos condições de nos defender. Mais uma vez, somos uns pobres coitados que merecem pena e devem ser protegidos pelos politicamente corretos, que são fortes, ousados e poderosos. Os defensores da humanidade.


E a minha voz? Senhores defensores da humanidade, escutem…


Eu estou lutando contra o câncer! Estou abatido e deprimido? Nem de longe. Preciso de gente me defendendo e ensinando às pessoas sobre como se deve e como não se deve falar do meu câncer? Não! Eu perdi um rim e não minha consciência! Eu não preciso de vocês me defendendo!


É feio tirar brincadeira com meu braço porque ele não se movimenta tão bem quanto deveria? Deixem que EU diga se é feio ou não! Parem de falar daquilo que vocês não conhecem. Vocês não sabem se uma pessoa com câncer fica triste quando alguém diz “tentou de tudo para emagrecer e não conseguiu? Tente um maravilhoso câncer!”. Vocês não sabem porque não foram vocês que caíram de 76kg para 63! Eu sei o que é isso! Eu posso falar.


E eu falo…


Meus queridos colegas humoristas, eu os autorizo a fazer piada com isso. Podem dizer que câncer é bom para os gordinhos. Eu não vou ficar tristinho. Meu ombro não se mexe bem, dói e tenho dificuldade de pegar qualquer objeto 10cm acima da minha cabeça. Queridos colegas, vocês tem meu aval para brincar com isso. Sou nordestino e pode fazer piadinhas de nordestino! Fiquem à vontade… mas é melhor se apressarem. Provavelmente eu vou fazer piada disso tudo antes de vocês.


E se eu tivesse pinto pequeno, também não me importaria que fizessem piada. Mas isso eu não tenho, que aí já seria muita filha da putice da natureza com a mesma pessoa. E quanto aos politicamente corretos defensores da humanidade, agradeço muito a boa vontade e as boas intenções (das quais o inferno está cheio), mas eu não preciso de vocês…






 


Por Alyson Vilela. – Nordestinho, lutando contra um câncer e humorista.

2 comentários:

  1. O Rogério tava no zoológico, passando perto da jaula do macaco. O macaco chama:
    - Psiu! Vem cá.
    - Eu? É comigo?
    - Você mesmo. Vem aqui pertinho.
    O Rogério se aproxima e o macaco fala baixinho:
    - Você precisa me dizer o nome do seu advogado.

    kkkkkkkkkk

    Agora falando sério.. Show de bola esse texto!

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  2. O mano vc não perdeu a oportunidade,,rss

    Valew mano!!!

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